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Tratamento para emagrecer considera obeso como dependente químico

Tratamento para emagrecer considera obeso como dependente químico
Endocrinologista defende que obesidade seria, na maioria das vezes, vício a conservante presente nos alimentos industrializados

E se grande parte das “teorias” de que os quilos a mais seriam culpa da genética, do metabolismo lento, da ansiedade ou do desleixo com a alimentação não fosse verdade? É este o questionamento proposto pelo médico João Mano José Junior. O endocrinologista defende que a obesidade, na maioria das vezes, é uma dependência química a uma substância presente nos alimentos industrializados semelhante ao vício em drogas ou álcool.

— Baseio meu trabalho em um estudo que vem sendo realizado desde a década de 70 na Universidade de Oxford. A tendência da pesquisa é mostrar que a química industrial seria responsável por um desajuste no centro da fome e saciedade, causando, assim, o vício a uma substância. Ainda não está comprovado, mas, provavelmente, o culpado seria o conservante citrato de sódio — explica.

Segundo Mano José, todos os alimentos nacionais industrializados possuem essa substância, já que, assim como nos EUA, o governo, há mais de 30 anos, obriga a utilização do conservante, porém, não controla a quantidade adicionada, ao contrário dos países europeus.

— Há algum tempo nunca tinha se ouvido falar em “chocólatra”. Antigamente, o chocolate não possuía conservantes e, por isso, tinha validade de duas a três semanas. As pessoas acabavam comendo o chocolate mofado e tinham gastroenterite, por isso, o governo obrigou a adição da substância para conservar, tanto que agora ele tem validade de 18 meses e existem os chocólatras — analisa o médico.

De acordo com o endocrinologista, algumas pessoas são mais propensas a desenvolver o vício e a grande maioria dos casos de obesidade seria causada por essa dependência química ao conservante.

— Uma pessoa que tem aquela fome que dizem que é por ansiedade não sacia a sua vontade com frutas ou verduras porque o desejo só vai passar quando ela ingerir a substância causadora do vício. Isso explica também o motivo pelo qual há pessoas que acordam durante a noite para comer: é a falta da química no organismo — diz Mano José.

O tratamento

Quando tratada como dependência química, o tratamento para obesidade é feito com o uso de medicamentos iguais aos receitados para toxicômanos e, claro, com a diminuição da ingestão da substância causadora do vício, ou seja, dos alimentos industrializados.

— Isso que chamamos de reeducação alimentar e que outros profissionais recomendam não é exatamente primar por uma alimentação mais saudável, como frutas e verduras, sem conservantes? Então, a teoria não seria a mesma? — questiona.

O endocrinologista explica que, no início do tratamento, o paciente deve evitar mais radicalmente a ingestão alimentos com citrato de sódio, mas que, quando entra no período de manutenção — que pode durar de três a cinco anos — e para o resto da vida, a recomendação é comer com cautela.

— O tratamento é determinado de acordo com a idade, o peso, a altura, o sexo e até a atividade. Sei que a vida tem que continuar, e fazer o tratamento não significa que a pessoa nunca mais vai poder comer um hambúrguer ou chocolate, mas vai ter que ter controle sobre isso. É preciso ter cuidado com a quantidade porque aquele que é geneticamente propenso ao vício sempre vai ser.

Mano José afirma que, desde que começou a aplicar este tratamento baseado na crença de que a obesidade é causada por um vício, há cerca de quatro anos, os resultados são surpreendentes e muito mais efetivos do que antes. Em média, os pacientes perdem por mês de 3 kg a 5 kg, mas, há alguns que chegam a perder mais de 10 Kg.

A produtora de arroz Maria Elisabete Wolf, 59 anos, buscou um tratamento para emagrecer em junho do ano passado.

— Estava acima do peso e me sentindo mal. Gostei da proposta de tratamento e, depois de fazer vários exames, começamos com medicamentos e dieta alimentar. Emagreci 20 kg em quatro meses. Agora, estou em manutenção e me acostumei a comer alimentos saudáveis. Quando vejo um doce, por exemplo, não sinto mais aquela vontade de comer que sentia antes — conta Maria Elisabete.

Para dentista que atende usuários, falta prevenção

Jovens que fumam o oxi têm sintomas comoferidas profundas na boca, vômitos e diarreia

O oxi já está em São Paulo. Embora não haja confirmação oficial por parte da polícia ou de órgãos da Saúde, que dizem não ter registrado ocorrência envolvendo a droga na capital paulista, o oxi já começou a ser consumido por jovens de 15 a 28 anos. A dentista Sandra Crivella, que trabalha na saúde pública atendendo pacientes com necessidades especiais na Zona Sul de São Paulo, já constatou a presença da droga. — Comecei a perceber sinais diferentes daqueles de jovens que usam crack. Tanto o oxi como o crack provocam queimaduras na boca. As feridas provocadas pelo cachimbo usado no crack são mais espalhadas.  As feridas provocadas pelo oxi são profundas, pontuais. Os que usam oxi ainda esfregam a pedra da droga na ferida para aumentaro efeito — conta. Segundo a dentista, os usuários do oxi são muito mais agressivos que os do crack: — Não dá nem para comparar. É muito pesado. Eu nem sei como encarar. A médica, que atende jovens pobres da Zona Sul da cidade, relata: — Eles chegam com o reflexo característico desse tipo de droga, vômito e diarreia. Chegam muito mal. Não querem falar do que viveram sob efeito da droga. Ou já esqueceram. Vão dos 15,16 anos até os 25, 28 anos. Agente percebe que alguns são articulados, sabem falar, o que significa que estudaram. Não são só meninos de rua. Depois que identificou 19 casos de uso da nova droga em duas semanas de dezembro do ano passado, a dentista prefere agora não quantificar o que tem visto para não cometer equívocos, já que trabalha numa região bem específica da cidade.— Será que são 30, são 40? Não posso afirmar porque pode ser uma amostra viciosa. Estou numa região de população mais pobre, embora os casos que vejo não sejam só de pobres. Experiente em casos odontológicos que exigem atendimento especial, Sandra Crivella critica autoridades policiais e da saúde por não terem políticas de prevenção. Ela lembra que, desde que surgiu o crack, a atitude das autoridades foi a mesma, de não reconhecer o problema:— A situação está aí. Não vejo atitude preventiva e corretiva. A divisão de Prevenção e Educação (Dipe), do Departamento Estadual de InvestigaçõesSobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo, diz que nunca houve apreensão de oxi em São Paulo. De acordo com a Secretariade Segurança, a droga pode estar sendo vendida como se fosse crack, já que é nova e os usuários não a conhecem. O Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, de acordo com o seu presidente, Arthur Chioro, que comanda a pasta da Saúde em São Bernardo do Campo, na região do ABC, tem conhecimento de que o oxi — uma droga “devastadora”, segundo ele— já chegou aos paulistas.— O Conselho dos Secretários de Saúde definiu como agenda prioritária o atendimento aos dependentes químicos. Estamos discutindo a criação de ações interdisciplinares para cuidar desses dependentes, inclusive dos usuários de crack e agora do oxi — afirma.