Oxi, uma droga ainda pior

O oxi – uma pedra tóxica feita com cal, gasolina e pasta de cocaína – se espalha pelo país e assusta as autoridades mais que o crack

HUMBERTO MAIA JUNIOR, COM RODRIGO TURRER

 

Pedro tinha 8 anos quando começou a fumar maconha. Aos 14, experimentou cocaína. Com 19, foi apresentado ao crack. “Eu fumava cinco pedras e bebia até 12 copos de pinga.” Em janeiro deste ano, seu fornecedor de drogas, em Brasília, passou a oferecer pedras diferentes, com cheiro de querosene e consistência mais mole. Pedro estranhou. “Dizia a ele que a pedra estava batizada, que não era boa. O cara me dizia que era o que tinha e ainda me daria umas(pedras) a mais.” Não demorou para Pedro notar a diferença no efeito. A nova pedra era mais viciante. Para não sofrer com crises de abstinência, dobrou o consumo para até dez pedras por dia. Descobriu então que, em vez de crack, estava fumando uma droga chamada oxi. “Quando soube, vi que estava botando um veneno ainda maior no meu corpo. Fiquei com medo de morrer.” Aos 27 anos, depois de quase duas décadas de dependência química, Pedro sentiu que tinha ido longe demais. Internou-se numa clínica.

A história de Pedro (nome fictício) ilustra o terror provocado pelo oxi, droga que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. O oxi está sendo tratado pelos médicos como algo mais letal que o crack, considerado até agora a mais devastadora das drogas. Mas é consumido por pessoas que não sabem disso, porque é vendido em bocas de fumo como se fosse crack. “O oxi invadiu os postos de venda tradicionais. Isso preocupa”, diz o delegado Reinaldo Correa, titular da Divisão de Prevenção e Educação do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo.

A primeira apreensão confirmada do oxi em São Paulo ocorreu quase por acaso. Em março, a polícia apreendeu 60 quilos de algo que foi classificado como crack. O equívoco foi corrigido quando esse carregamento foi usado numa demonstração para novos policiais. “Queimamos algumas pedras e, pelos resíduos, concluímos que era oxi”, afirma Correa. Quase diariamente, a polícia de algum Estado do Brasil anuncia ter apreendido a droga pela primeira vez (leia o mapa abaixo) . Em alguns casos, como em Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, as primeiras apreensões foram feitas na semana passada. Não é que o oxi surgiu em tantos lugares em tão pouco tempo. Ele já havia se espalhado sem ser notado.

Como o crack, o oxi é vendido em pedras que, quando queimadas, liberam uma fumaça. Inalada, em poucos segundos vai para o cérebro, provocando euforia e bem-estar. “Visualmente, são quase idênticas”, diz Correa. A diferenciação pode ser feita pela fumaça, que no caso do crack é mais branca, ou pelos resíduos: o crack deixa cinzas, enquanto o oxi libera uma substância oleosa. Por causa da dificuldade em distinguir uma droga da outra, é impossível ter exata noção da penetração do oxi entre os usuários. “Sabemos apenas que ele está aqui há algum tempo”, afirma Correa.

Recente nos Estados mais ao sul do país, o oxi é velho conhecido dos viciados da Região Norte. Acredita-se que a droga entrou no Brasil ainda na década de 1980, a partir de Brasileia e Epitaciolândia, cidades do Acre que fazem fronteira com a Bolívia. O consumo da substância foi registrado por pesquisadores em 2003, quando Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos (Aborda), pesquisava o uso de merla, outro derivado da cocaína, entre os acrianos. “No primeiro momento, o oxi era usado pelas classes sociais mais baixas e por místicos que iam ao Acre atrás da ayahuasca (chá alucinógeno usado em cerimônias do Santo Daime)”, diz Mendes. A droga chegou à capital, Rio Branco, de onde se espalhou para outros Estados da região. “Hoje, é consumida em todas as classes sociais”, diz Mendes.

 

 

A dentista Sandra Crivello se lembra de quando viu o primeiro caso de dependência por oxi em São Paulo. Foi no fim do ano passado, quando recebeu uma ligação de uma Organização Não Governamental (ONG) que faz atendimento a jovens viciados em drogas. Queriam que ela atendesse um rapaz com problemas na boca. Encontrou o paciente na porta da ONG. A imagem do rapaz chocou Sandra, que há mais de 20 anos atende meninos de rua viciados. Loiro, pele branca e aparentando 20 anos, chocava pela magreza e pelo cheiro quase insuportável de vômito e fezes. “Ele estava em condição de torpor, parecia viver em outro mundo.”

– Foi você que veio me ver? Olha, está doendo muito – disse o rapaz, chorando, antes de puxar os lábios com força exagerada. Sandra não se esquece do que viu. “Tinha até osso necrosado.” Perguntou ao rapaz:

– O que você usou? Não vem me dizer que é crack que eu sei que não é.

– Eu bebi.

– Bebida não é. O que você usou?

– Foi oxi.

Sandra, que já tinha ouvido falar do oxi, diz que respirou fundo. “Agora que essa porcaria chegou aqui, não falta mais nada. Só pedi que Deus nos ajudasse.” Como Sandra, vários profissionais que têm contato com o mundo das drogas temem que o oxi tome o lugar do crack. Motivos não faltam, da facilidade de fabricação ao preço baixo. O crack é feito com pasta-base de cocaína, misturada com bicarbonato de sódio e um solvente, que pode ser éter ou amoníaco. É difícil obter grandes quantidades dessas substâncias, porque a venda é controlada pela Polícia Federal. Já o oxi é feito com pasta-base de coca misturada a cal virgem e a gasolina ou a querosene. “O refinamento do crack demanda uma cozinha e um processo laboratorial mais complexo”, diz Ronaldo Laranjeira, coordenador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Para fabricar o oxi, basta misturar a pasta-base com um derivado de petróleo em qualquer panela. Pode ser feito no fundo de um quintal.” O resultado é que os traficantes podem cobrar preço menor. Se uma pedra de crack custa ao viciado entre R$ 7 e R$ 10 na “cracolândia”, região central de São Paulo onde usuários e traficantes circulam livremente dia e noite, a pedra de oxi sai por cerca de R$ 2. Esse valor torna a droga acessível a um público muito maior. “Dependentes buscam o que é mais barato”, diz Luiz Alberto Chaves de Oliveira, chefe da Coordenadoria de Atenção às Drogas da Prefeitura de São Paulo. Também procuram o que tem efeito mais forte e mais rápido. O oxi, ao que parece, atende a essas necessidades. E tem tanto ou mais poder de viciar que o crack. “O oxi parece gerar ainda mais dependência. É potencialmente mais forte que o crack, que já é muito destrutivo”, diz Cláudio Alexandre, psicólogo do Grupo Viva, que atende dependentes de drogas.

O agente penitenciário André (nome fictício), de 34 anos, morador de Rio Branco, no Acre, conhece bem os efeitos do oxi. “Quem usa chama de veneno”, diz. Como todo veneno, é traiçoeiro. André descreve o gosto da fumaça como algo “gostoso”. “Pega mais, dá uma viagem.” Não demora e surgem os efeitos adversos – dor de cabeça, vômitos e diarreias. E paranoia. André diz que ouvia vozes. “Era o demônio falando no meu ouvido.” Os efeitos também são físicos. “Via muitos usuários sujos de vômito e diarreia.” Mesmo assim, André não conseguia abandonar o uso. Vendeu o que tinha para comprar pedras. “Pedia aos boqueiros (quem trabalha nas bocas de fumo) que passassem na minha casa e pegassem tudo.” Geladeira, fogão, DVD, um a um, todos os móveis e eletrodomésticos foram trocados por pedras brancas. “Só não troquei a vida”, diz André, que está internado numa clínica ligada a uma ONG em Rio Branco. Ele afirma que só buscou tratamento porque, desempregado, não tinha mais dinheiro para abastecer o vício.

Na última semana, as polícias de quatro Estados anunciaram as primeiras apreensões de oxi

Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), diz que o governo federal está avaliando o impacto do oxi. Junto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Senad está finalizando uma pesquisa sobre o uso de derivados de cocaína no país. O estudo incompleto sugere que, pela facilidade com que é produzido, o oxi pode subverter a lógica usual do tráfico. “Não há um fornecedor fixo que distribui um só produto”, diz Paulina. “A droga é produzida em casa, de forma primitiva e artesanal.” Uma nova organização do tráfico poderia exigir uma mudança na forma de repressão policial. “Para combater o oxi, não temos de caçar apenas grandes traficantes”, afirma Paulina. “Precisaremos de uma polícia ativa, que atue diretamente nos pontos urbanos.”

Também é preciso que o serviço de saúde tenha exata noção das substâncias que compõem o oxi, a fim de entender seus efeitos e propor tratamento adequado. Por enquanto, faltam estudos laboratoriais que atestem a composição da substância. Na década de 1980, a Alemanha queria montar uma política para diminuir as mortes provocadas por overdose de heroína. Descobriu-se que o que estava matando era uma versão da droga com aditivos. Somente a partir dessa constatação o serviço de saúde organizou a melhor forma de tratamento. O Brasil suspeita, mas não tem certeza, do que é feito o oxi. Saber é o primeiro passo de uma longa batalha contra a nova droga.

 

Oxi pode matar 30% dos usuários em apenas um ano

Uma droga mais devastadora do que o crack invade as ruas das cidades por todo Brasil.

O crack apareceu nos anos 80 nos Estados Unidos. Nós não tomamos nenhuma medida preventiva. Sequer educamos as crianças. O que aconteceu? A primeira cracolândia se estabeleceu em São Paulo e a droga se espalhou pelo Brasil inteiro. As estimativas são de que existam 1,2 milhão de usuários de crack pelo país. É uma epidemia. Agora surge o oxi. Uma preparação mais bruta, mais barata da cocaína e ainda mais destruidora do que o crack. É difícil prever o que vai acontecer? Nós vamos assistir passivamente à disseminação do oxi pelo Brasil inteiro? Nós não vamos fazer nada?

“O oxi é um tipo de crack adulterado. Fundamentalmente todos eles vêm da pasta base de cocaína. É fundamentalmente você colocar nesta pasta base ou querosene, ou gasolina ou cal. E você vai transformar de uma forma muito tosca, com uma tecnologia muito tosca, um subproduto do crack, mais adulterado, que tem as características de ser mais barato, mais poderoso, e mais de fácil acesso para o usuário”, explica Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Unifesp.

O oxi entrou no Brasil há sete anos pelas fronteiras que o Acre faz com a Bolívia e o Peru. Ficou restrito ao norte do país até este ano, quando se espalhou por diversos estados. A primeira apreensão de oxi na cidade de São Paulo foi em março deste ano de 2011. É possível que o oxi já existisse antes?

“Eu acredito firmemente nisso. É muito provável que esse produto já estivesse em circulação pelo menos naquela região da cracolândia há mais tempo”, acredita Wagner Giudice, diretor do Denarc.

Quando você fuma o oxi, o querosene provoca náuseas, vômitos, tosse, sensação de sufocamento, tremores e até convulsões. Os vapores de cal irritam os olhos, provocam perda parcial da visão e cegueira. O oxi queima por onde passa. Boca, garganta, brônquios e pulmões ardem. Você pensa que está fumando cocaína, mas na verdade está se envenenando com querosene e cal.

“Quando ele vai ser queimado fica o resíduo da não queima de parte da querosene. A fumaça que sai é a fumaça que vai ser inalada. Querosene, cal. E nós temos o resíduo que sobra, uma espécie de uma graxa. O cheiro de combustível pela queima do querosene. A sobra é esse líquido oleoso, conhecida como oxi ou oxidado porque ele fica realmente oxidado”, explica um delegado.

“Eu acredito que o oxi pode alcançar muito rapidamente os consumidores de crack. O crack alcançou mais de 90% das cidades brasileiras por ser uma droga conhecida como barata. O oxi é mais barato do que o crack”, acredita Wagner Giudice, diretor do Denarc.

“Fizeram uma pesquisa de um ano com cerca de cem usuários e constataram que, em um ano, 30% desses usuários acabaram morrendo em razão dos efeitos dessa droga lá no Acre. Hoje, o oxi chega em uma zona onde o pessoal já está com graves problemas de saúde. A maioria dos que estão na Cracolândia sofre de AIDS, sofre de tuberculose, e, por incrível que pareça, sarna, em razão da promiscuidade que eles estão vivendo. Então o oxi entrando em um campo desses realmente vai causar mais malefícios”, alerta Reinaldo Corrêa, delegado do Denarc.

Marcos Antônio é um usuário de oxi e crack em tratamento. A dependência o fez roubar objetos da família e morar na Cracolândia.

“Passei três noites lá. Eu vi crianças de 7 anos de idade na fissura, ameaçando pessoas para dar um trago. Por ele ser muito barato, está entrando como uma avalanche no mercado. Lá na Cracolândia você compra trago por R$ 0,50. A gente se sente uma escória, a gente se sente um verme ali”, conta Marcos. “Vi que eu precisava me internar no momento em que vi meus filhos abandonados. Tenho duas filhas adolescentes.”

Uma droga devastadora como o oxi destruirá um número incalculável de usuários e famílias. Dependência química não é caso de polícia. É doença que precisa ser enfrentada com medidas preventivas e assistência médica para tratamento dos dependentes. Estamos diante de uma tragédia anunciada: o oxi. Ainda dá tempo para reagir.

 

Novos Riscos, tratamento para vícios em jogos

A internet facilita a vida de todo mundo, incluindo a de pessoas viciadas em jogos de azar. Uma pesquisa publicada na revista médica especializada “The Lancet” ressalta o perigo que cassinos on-line representam para quem tem problema com apostas. Segundo o estudo, a internet deveria oferecer, por outro lado, formas de tratamento para essas pessoas.

A publicação alerta para o surgimento de novos meios que sustente o vício, como por exemplo a internet. “Temos de prestar atenção às novas tecnologias, um campo em constante mudança”, concorda David Hodgins, professor de Psicologia da Universidade de Calgary, Canadá, e co-autor do relatório, que examinou a situação de estudos e tratamentos para o vício.

O desejo de apostar é praticamente universal, mas estudos encontraram variações acentuadas entre países e regiões em relação à porcentagem de pessoas cujo desejo de jogar por dinheiro pode ser classificado como um problema patológico.

Na Noruega, uma em cada 500 pessoas possui um transtorno de jogo, enquanto em Hong Kong, a taxa sobe para a preocupante taxa de uma em 20. Apenas 10% dos jogadores compulsivos procuram tratamento, segundo o relatório.

A Associação Americana Psiquiátrica identificou o jogo patológico como um transtorno do controle de impulso em 1980, mas atualmente ainda analisa os critérios utilizados para o diagnóstico.

Os jogadores patológicos muitas vezes têm outros transtornos psiquiátricos ou problemas de abuso de substâncias. Entretanto, de acordo com a pesquisa, há uma carência de estudos sobre como lidar com essas situações.

Eles por vezes podiam “se tratar” sozinhos, apenas evitando lugares públicos onde se pode apostar. No entanto, a internet oferece um novo desafio para o monitoramento, permitindo-lhes jogar na privacidade de suas casas.

“Hoje em dia está muito mais difícil evitar jogos de azar”, sintetiza Hodgins. Ele lembra que sites de apostas muitas vezes entram em contato com clientes em potencial via e-mail. Ou seja, mesmo que o jogador tente se distanciar deste mundo, a tentação é grande.

Por outro lado, Hodgins sustenta a ideia de que a internet também poderia ser uma aliada, e não apenas uma vilã para os viciados em jogo. Segundo ele, a rede pode ser capaz de incentivar mais estudos sobre como tratar os distúrbios do jogo e possivelmente compensar os problemas causados ​​aos jogadores com problemas de acesso a jogos online.

A criação de fóruns na internet para que as pessoas com o mesmo problema se ajudem, nos moldes dos grupos de auto-ajuda como os Jogadores Anônimos, é uma das principais propostas exploradas pelos pesquisadores.

fonte: Reuters

 

Polícia Federal evita tratar oxi como novidade para não fazer propaganda da droga

Enquanto as apreensões de óxi se espalham pelo Brasil, a Polícia Federal evita tratar a droga como novidade, ainda que na receita do entorpecente constem ingredientes diferentes dos encontrados no crack.

No campo científico, peritos da PF afirmam que as pesquisas feitas com amostras de óxi apreendidas nas ruas de Rio Branco, no Acre, por onde a droga entrou no país, não apresentaram elementos suficientes para caracterizá-la como diferente do crack, do merla ou da pasta base da folha de coca.

“O óxi é um derivado da cocaína, assim como o crack. Não é uma droga nova, é a mesma cocaína apresentada de outra forma”, afirma Oslain Santana, coordenador da repressão a entorpecentes da Polícia Federal.

Peritos da PF iniciaram nessa terça-feira (17), pela primeira vez, uma série de análises detalhadas de exemplares de óxi. As pesquisas devem terminar no final deste mês. Ao final dos testes, os peritos apresentarão uma conclusão técnica se o óxi pode ou não ser considerado uma droga nova.

A pasta base da folha de coca, obtida nos países andinos (Bolívia, Peru, Colômbia e Equador), é a matriz da cocaína em pó (cloridrato), crack, merla e também do óxi. A pasta é obtida a partir da mistura da planta triturada com componentes tóxicos, como ácido sulfúrico, cal, cimento, entre outros componentes tóxicos.
No óxi, a pasta base é misturada com algum combustível -querosene, gasolina ou água de bateria (ácido sulfúrico) e cal virgem, componentes corrosivos e extremamente danosos ao organismo-, enquanto que no crack aplica-se bicarbonato de sódio e amoníaco ou éter, componentes mais caros do que os usados no óxi.

A perícia diz que os mesmos produtos que podem ser aplicados na transformação da pasta base em óxi já são utilizados no processo anterior, de obtenção da pasta a partir da folha de coca. Dessa maneira, os peritos apontam que há muitas semelhanças entre o óxi e a pasta base, o que desbancaria a tese do óxi como droga nova. Santana afirma  que os danos e efeitos do óxi no organismo do usuário não diferem muito dos causados pelo crack e que não há estudos comprovando que o óxi é mais devastador.

No entanto, de acordo com o psiquiatra Dr.Pablo Roig, diretor da clínica Greenwood, especializada em dependência química, o óxi é mais letal que o crack por duas razões. Primeiro, por conta dos componentes adicionais –cal e combustível. Além disso, em razão da quantidade do princípio ativo da cocaína, que no óxi é de 60% do composto, um pouco superior ao encontrado no crack.

Além disso, segundo ele, a maioria dos usuários de óxi intercala as inaladas com doses de álcool para controlar a sensação de abstinência causada pela droga, o que ataca o fígado e o sistema digestivo, fazendo com que os usuários tenham diarreia e vômito. Muitos usuários de óxi apresentam aparência amarela por conta dos efeitos da droga no fígado.

“O álcool com a substância da cocaína forma o cocaetileno, que pode provocar esteatose hepática (gordura no fígado) e cirrose. O cocaetileno também é tóxico para o miocárdio, o que pode também provocar morte súbita”, afirma Roig.

Em 13 Estados e no DF

Até o final de abril, havia registros de ocorrência do óxi em 10 Estados –Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Goiás, Pernambuco, Mato Grosso do Sul , Piauí, São Paulo– e no Distrito Federal. Nas últimas duas semanas, a droga se espalhou para Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul. Em São Paulo, até o início do mês não havia ocorrido apreensões de óxi. De lá para cá, foram pelo menos cinco, a maior delas na segunda-feira (16), quando 5.000 pedras de óxi foram encontradas na favela de Heliópolis, na zona sul da capital.

De acordo com Santana, a PF não pretende colocar em prática operações específicas de combate ao óxi, que entra pelo Brasil a partir das fronteiras com Peru, Bolívia e Paraguai. “Não tem como você planejar uma operação específica. Manteremos uma atuação de fiscalização nos postos de fronteira e continuaremos com um trabalho ostensivo em toda a fronteira”, disse.

Ele afirma que a PF prioriza suas ações contra o tráfico atacadista, o que, segundo ele, traz resultados mais eficientes, e que cabe às polícias civis a repressão ao tráfico no varejo, forma predominante na distribuição do óxi.

O Ministério da Justiça e a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) ainda não se posicionaram oficialmente sobre o óxi, nem têm previstas ações ou campanhas contra a droga. O Ministério da Saúde não tem dados sobre internações de usuários de óxi no SUS (Sistema Único de Saúde) ou nas unidades do Caps (Centros de Atenção Psicossocial).

Para o jurista e professor Walter Maierovitch, o Estado brasileiro está demorando para agir contra o óxi. “Na Europa, assim que surge uma droga, eles acendem um sinal de emergência e se mobilizam para impedir a expansão. No Brasil, estão esperando o óxi sair do controle para levantar o sinal de emergência. Está na hora de acender a luz, traçar políticas nos três níveis de governo para conter o avanço da droga”, aponta.

Denarc faz apreensão de oxi em favela da Zona Sul de SP

Apreensão da droga aconteceu na tarde desta segunda-feira (16).
Cerca de 5 mil pedras foram apreendidas em favela.

O Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo realizou nesta segunda-feira (16) uma apreensão de 5 mil pedras de oxi – droga com poder destrutivo maior que o do crack. Segundo a polícia, é a maior apreensão da droga já feita no estado.O oxi é uma mistura de cocaína com cal virgem e combustível, querosene ou gasolina, e pode levar água de bateria.As pedras de oxi foram encontradas na Favela de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo. A polícia acredita que a intenção era distribuir a droga na região da Cracolândia, região central da capital.A droga foi encaminhada para a sede do Denarc no Bom Retiro, Centro de São Paulo.

fonte: g1.com.br

Uma droga pior que o crack

Aumenta o consumo de oxi em São Paulo; além de mais barata e mais viciante, a pedra é também mais danosa para a saúde e mata

No começo deste mês, o Denarc (Departamento de Narcóticos) da Polícia Civil de São Paulo fez as duas primeiras apreensões — a última, na sexta-feira —, da droga conhecida como oxi, que tem colocado em alerta especialistas e autoridades da área de saúde por ser mais barata, viciante e danosa do que o crack.

O oxi mostra seus efeitos logo na primeira semana de consumo. Com vômito e diarreia frequentes, alguns viciados podem perder até 10 kg em menos de um mês. O usuário apresenta problemas no aparelho digestivo, complicações renais, além de dores na cabeça e náuseas, que se tornam constantes. As gengivas são perfuradas e os dentes danificados (ficam porosos e podem cair).

Tem mais: as substâncias do oxi atingem principalmente o fígado, a faringe e os pulmões. “Praticamente todas as via respiratórias sofrem um grande comprometimento, o que pode levar à morte rapidamente alguém que tenha asma ou algum problema cardíaco”, afirma Marta Jezierski, diretora do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), ligado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Assim como o crack, o oxi é feito a partir da pasta base da cocaína e passa por um processo no qual outros produtos são acrescentados para se obter a pedra. O crack vem da mistura com amoníaco e bicarbonato de sódio, enquanto o oxi é feito com cal virgem, combustíveis (querosene, gasolina ou diesel) e outros oxidantes (daí a origem do seu nome), como explica Ana Cristina Fulini, especialista em dependência química da Clínica Maia Prime, em São Paulo: “São produtos mais baratos, que reduzem bastante o preço da droga, tornando-a uma alternativa para o usuário de crack”.

Embora a droga só tenha sido apreendida pela polícia recentemente, relatos apontam que o oxi já é bastante popular no norte do país, principalmente no Acre e no Amazonas. Chegou à capital de São Paulo nos últimos sete meses e tem sido amplamente usada entre viciados em crack. “Os pacientes informam sobre um tipo de pedra de crack mais barata e com efeito mais forte desde o ano passado”, conta Ana.

Um fator que contribui para rápida adesão do usuário é a concentração de cocaína, mais alta no oxi, chegando a 80%, embora a pureza seja menor em consequência do excesso de ingredientes. O crack apresenta uma concentração de 40%. Essa diferença também torna o efeito do oxi mais rápido e potente, aumentando a sedução para o uso.

Segundo Marta Jezierski, os usuários de oxi em São Paulo consomem a droga pensando ser crack. “Na hora da fissura, dificilmente essas pessoas se perguntam o que é, alguns só sabem que é mais barato e forte”, diz ela, alertando para o fato de que o oxi, em comparação com o crack, aumenta a paranóia e os surtos psicóticos.

1,4 toneladas foram apreendidas no Acre desde 2009

Fronteiras
Em 2005, o Ministério da Saúde alertou para o aumento de usuários de oxi no estado do Acre. A droga chegou pelas fronteiras da Bolívia e do Peru, onde há relatos de seu uso desde a década de 1980.

Falta de mapeamento
Ainda não há qualquer tipo de mapeamento do uso do oxi nas principais capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. “O Cratod lançará um estudo específico na próxima semana”, afirma a coordenadora Marta Jezierski.

Mais barata
Enquanto o crack custa até R$ 10 por pedra, o oxi pode ser encontrado por R$ 2. A droga tem sido apelidada em São Paulo de “Hulk” e “Kryptonyta”, em referência à sua cor mais esverdeada.

fonte: http://www.redebomdia.com.br/

PM recolhe 85 dependentes químicos e prende um homem no morro do Cajueiro

Entre os detidos estão 54 homens, 17 mulheres e 14 menores

Durante operação no morro do Cajueiro, em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, realizada na manhã desta segunda-feira (2), a polícia prendeu um homem e recolheu 85 dependentes de crack.

Segundo o comandante do Batalhão de Irajá (41º BPM), Alexandre Fontenelle, entre os dependentes químicos detidos estão 54 homens, 17 mulheres e 14 menores.

– Todos os recolhidos foram para o batalhão (41º BPM) e vão passar por uma triagem antes de serem encaminhados para tratamento.

Ainda de acordo com Fontenelle, o homem preso estava com um rádio transmissor e tentava avisar aos traficantes da chegada da polícia.

Ele foi levado para a Delegacia de Madureira (29ª DP).

O comandante disse que houve troca de tiros no início da ação, mas ninguém ficou ferido. Um carro blidado foi usado na incursão.

A operação, que começou às 5h30 e terminou por volta de 11h30, contou com o apoio da Secretaria municipal de Assistência Social e do Conselho Tutelar e da Comlurb, que junto com os PMs recolhem carros abandonados e retiram barricadas colocadas pelos traficantes na região.

 

Veja trailer inédito de documentário com FHC sobre drogas

O programa Ooops! apresenta hoje o inédito trailer do documentário “Quebrando o Tabu”, do cineasta Fernando Grostein Andrade. O filme discute políticas alternativas do Estado diante do fracasso atual da chamada “guerra às drogas”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o âncora do filme, que demorou dois anos para ser feito.

O tucano sai a campo para ouvir políticos, militares, policiais, médicos e especialistas de diversos locais do mundo. O diretor procura outros modelos de atuação de Estados nesse assunto, e visita EUA, Colômbia, França e Holanda, entre outros países.
Deram depoimento para o filme Bill Clinton, Jimmy Carter, Dráuzio Varella, Gael Garcia Bernal e Paulo Coelho, entre outras personalidades.
O documentário tem estreia prevista para 3 de junho em São Paulo, Rio de Janeiro, Santos (SP), Campinas (SP), Belo Horizonte, Juiz de Fora (MG), Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Brasília e Recife.
A obra foi produzida pela Spray Filmes, que pertence a Grostein Andrade e Fernando Menocci.

fonte: tvuol.uol.com.br

Derivado de cocaína e mais letal que o crack, oxi destrói jovens e crianças no Acre

RIO BRANCO – As ruas de Rio Branco são hoje um retrato da degradação provocada por uma nova droga, mais letal do que o crack, que está se espalhando pelo Brasil: o oxi, um subproduto da cocaína. A droga chegou ao país pelo Acre. Na capital, ao redor do Rio Acre, perto de prédios públicos, no Centro da cidade, nas periferias e em bairros de classe média alta, viciados em oxi perambulam pelas ruas e afirmam: “Não tem bairro onde não se encontre a pedra”.

O oxi, abreviação de oxidado, é uma mistura de base livre de cocaína, querosene – ou gasolina, diesel e até solução de bateria -, cal e permanganato de potássio. Como o crack, o oxi é uma pedra, só que branca, e é fumado num cachimbo. A diferença é que é mais barato e mata mais rápido.

VÍDEO:Delegado da PF do Acre fala sobre a rota da droga

VÍDEO:Perito da Polícia Federal explica o que é o oxi

VÍDEO:Dependente conta como começou a usar o oxi

FOTOGALERIA:O drama dos usuários de drogas no Acre e em São Paulo

LEIA MAIS:Droga já chegou à cracolândia de São Paulo

A pedra tem 80% de cocaína, enquanto o crack não passa de 40%. O oxi veio da Bolívia e do Peru e entrou no país pelo Acre, a partir dos municípios de Brasiléia e Epitaciolândia. Hoje está em todos os estados da Região Norte, em Goiânia e em Mato Grosso do Sul, no Distrito Federal, em alguns estados do Nordeste e acaba de chegar a São Paulo. No Rio, os primeiros relatos de que a pedra pode ser encontrada na capital também já começaram a aparecer. Mas a polícia ainda não registrou apreensões.

Estado que faz fronteira com o Peru e a Bolívia – os maiores produtores de cocaína do mundo – e ainda próximo à Colômbia, o Acre há tempos virou rota do tráfico internacional. De uns anos para cá, a facilidade com que a base livre de cocaína cruza as fronteiras fez com que o oxi tomasse conta da capital e de pequenos municípios. A pedra age rápido: viciados dizem que não leva 20 segundos para sentir um “barato” e que em cinco minutos a pessoa já está com vontade de usar de novo. Fumado, geralmente em latas de bebida ou em cachimbos como os que servem para o crack, o oxi tem potencial para viciar logo na primeira vez e é uma droga barata: é vendida em média por R$ 5 e até R$ 2.

– Quando a Bolívia se tornou produtora, o preço caiu e a cocaína se difundiu no Acre. A realidade é que o oxi é barato, está espalhado por Rio Branco e tem potencial para se espalhar por todo o Brasil, já que a base livre de cocaína está em todos os estados do país e já foi apreendida em todos os lugares. O oxi não precisa de laboratório para ser produzido, e isso facilita a expansão – diz Maurício Moscardi, delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal no Acre, que em 2010 apreendeu no estado quase 300 quilos de base livre de cocaína.


fonte: oglobo.globo.com

Nova droga oxi é apreendida pela primeira vez em Mato Grosso do Sul

Policiais do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) fizeram na noite de ontem a primeira apreensão no Estado da nova droga conhecida como óxi, derivada da cocaína. A apreensão aconteceu em um táxi de origem paraguaia, na BR-163, em Mundo Novo. A droga estava escondida em um tablete amarrado ao corpo da passageira do veículo.

Em depoimento aos policiais, a mulher que tem 27 anos, contou que a droga era o óxi e que seria levada para Arapongas (PR). A mulher foi presa e encaminhada para a delegacia da PF (Polícia Federal) em Naviraí. A droga está sendo analisada e o caso está sendo investigado agora pela PF de Dourados.

Ainda desconhecido pela maioria da população, o óxi ou oxidado, uma droga parecida com o crack, só que mais devastadora. Ela já se espalhou por dez Estados do país e agora chega ao MS. Assim como o crack, o princípio ativo do óxi é a pasta base da folha de coca. Enquanto o crack é obtido a partir da mistura e queima da pasta base com bicarbonato de sódio e amoníaco, no óxi são utilizados cal virgem e algum combustível, como querosene, gasolina e até água de bateria –substâncias que barateiam o custo do entorpecente.

O óxi é inalado ou fumado, assim como o crack, na lata ou no cachimbo. A droga é produzida na Bolívia e no Peru e começou a entrar no Brasil em 2005 pelo interior do Acre. Em pouco tempo, chegou a Rio Branco, onde atualmente há um número elevado de usuários, e se espalhou para outras capitais da região Norte, como Manaus (Amazonas), Belém (Pará), Macapá (Amapá) e Porto Velho (Rondônia).

Nos últimos meses, houve apreensões e registros de usuários em Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Piauí –onde foram confirmadas 18 mortes só neste ano por conta do uso do óxi.

fonte: www.correiodoestado.com.br