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Depressão, ansiedade e alcoolismo em tempos de isolamento por COVID-19

Artigo do psiquiatra Pablo Roig, CRM 24968, Diretor da Clínica Greenwood

 

Temos observado na Clínica Greenwood, em tempos de isolamento, um aumento significativo de patologias psiquiátricas , tanto em sua frequência como em sua intensidade. Pacientes que tinham seus quadros controlados tiveram que aumentar seus recursos farmacológicos e retomar a administração e intensificar sua atividades terapêuticas. Verificamos a intensificação, principalmente, em depressões, quadro de ansiedade e pânico, alterações do sono e aumento do consumo de álcool, tabaco, psicofármacos geralmente ansiolíticos ou indutores do sono. Também notamos um aumento na procura por internação pelo uso de substâncias ilegais. Observamos, em muitos casos, que os pacientes traziam nas consultas queixas em relação ao cônjuge, pais, filhos ou outras pessoas de sua convivência e em alguns casos relatavam intolerância e violência doméstica.

Em concordância com os nossos achados, no 14 de maio a Organização Mundial da Saúde publicou artigo , que enfatiza o impacto direto ou indireto da pandemia na estrutura psíquica da população de diferentes países, mostrando a necessidade de altos investimentos na área da saúde mental. Identificam os efeitos do isolamento social, o medo ao contágio a possibilidade de perda das pessoas próxima e o estresse provocado pela diminuição de renda e perda do emprego como elementos a considerar seriamente pelo seu impacto emocional.

Notam-se números alarmantes de acréscimo de patologias como a depressão e a ansiedade que é mais significativa nas pessoas que trabalham na línha de frente, que enfrentam períodos intensos de trabalho, tendo que adotar decisões de vida ou morte e com a ameaça constante do contágio. Como exemplo, na China, o relatório refere que os trabalhadores da saúde apresentam depressão em 50% dos casos, ansiedade em 45%, insônia em 34%. No Canadá 47% dos ligados à saúde precisaram de suporte psicológico.

Crianças e adolescentes apresentaram dificuldades de concentração, irritabilidade, inquietude e nervosismo. Também frequentemente são testemunhas ou sofrem violência doméstica, com a política de “fique em casa”.

Outros grupos de risco relatados são as mulheres, que modificaram suas vidas em função do vírus, com os filhos estudando em casa, home office e tarefas de administração do lar. Atinge também jovens com comorbidades psiquiátricas principalmente.

Registrou-se o aumento de consumo de álcool, que em Canadá foi de 20% em indivíduos com idades entre 15 e 49 anos.

Em vários países as instituições para tratamento de pacientes psiquiátricos foram desviadas para o tratamento de COVID-19 apesar do aumento da demanda destes casos. Grupos de ajuda mútua foram impedidos de funcionar.

O Dr. Tedros Adhanom Ghebrejesus alerta para a importância de tratar o tema da saúde mental com a seriedade devida, destacando a responsabilidade que os governos e a sociedade civil com o apoio do sistema das Nações Unidas tem, para cuidar o bem estar emocional da população, com o risco de, ao não fazê-lo, tenhamos consequências sociais e econômicas de longo prazo.

Em diferentes países estão se procurando soluções para abastecer a população de serviços de assistência psicológica como o atendimento telefônico, visitas em domicílio e métodos de comunicação virtual.

Ações comunitárias que reduzem a solidão dos mais vulneráveis devem ser mantidas, assim como as que solidariamente se orientam para as necessidades básicas da população.

Coerentemente, neste artigo, na palavra de Devora Kestel, está a esperança de que o que aprendemos na pandemia e as modificações relativas ao enfrentamento das patologias psiquiátricas deixem uma herança de maior eficiência para tratar do tema.

 

Covid-19: risco de genocídio nas cracolândias ignoradas pelos governos

Nem com a epidemia causada pela COVID-19, com mortes e internações em UTIs, o Ministério da Saúde, os governos estaduais e as prefeituras se preocupam com os dependentes que estão nas cracolândias na maioria dos municípios brasileiros. “A COVID -19 representa risco de genocídio em cracolândias . MAS nada está sendo feito por estes doentes gravíssimos, que já têm os pulmões prejudicados pelo crack, pela maconha e pelo tabaco, que fumam 24 horas de segunda a domingo nas cracolândias do País”, alerta o psiquiatra PABLO ROIG na live “CRACOLÂNDIA: DEPENDÊNCIA QUÍMICA EM TEMPOS DE COVID-19”,promovida pela Liga Acadêmica de Psicanálise e Psicopatologia e com a participação do psicólogo Wemerson Peixoto de Melo Moura.A coordenação foi de Mateus Ferreira de Lima.

“É imprescindível a mobilização de toda a sociedade, já que temos responsabilidade como cidadãos por solidariedade a estes seres humanos esquecidos pelos governos,”convoca doutor Pablo Roig.

O psiquiatra Pablo Miguel Roig,CRM 24968,estuda e trata dependência de drogas há 42 anos. É o fundador e Diretor Clínico da Greenwood, clínica referência em São Paulo para psiquiatras no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal.

AS IMPORTANTES EXPLICAÇÕES DO DOUTOR PABLO MIGUEL ROIG ESTÃO SENDO PUBLICADAS NESTE BLOG EM TRÊS CAPÍTULOS. NO PRIMEIRO, PUBLICADO ONTEM, ELE DESCREVEU COMO A DROGA DESESTRUTURA O CÉREBRO E SE TORNA A ÚNICA PRIORIDADE DO DEPENDENTE.   HOJE, DENUNCIA:  “CRACOLÂNDIA É UMA VERGONHA NACIONAL E TEM SIDO USADA POR CANDIDATOS À PREFEITURA E AO GOVERNO DO ESTADO.” ASSISTA AO VÍDEO:

 

AMANHÃ, O DOUTOR PABLO ROIG DENUNCIA OS RISCOS DO MÉTODO REDUÇÃO DE DANOS E DESCREVE O TRATAMENTO QUE, DE FATO, RECUPERA O DEPENDENTE DE CRACK.

Os Descartáveis

ARTIGO DO PSIQUIATRA PABLO ROIG, CRM: 24968**

 

A COVID_19 representa risco de genocídio em cracolândias de 97% dos municípios brasileiros. MAS nada está sendo feito por estes doentes gravíssimos, que já têm os pulmões prejudicados pelo crack, pela maconha e pelo tabaco, que fumam 24 horas de segunda a domingo nas cracolândias do País. A COVID-19 ataca os pulmões , principalmente, de organismos imunodeprimidos e com falta de higiene, casos de cracolândias, onde há aglomerações, facilitando portanto a transmissão do vírus que ocorre por  gotículas de saliva, espirro, tosse,objetos ou superfícies contaminadas.. NÃO PODEMOS, PORTANTO, ser negligentes, com o risco de termos um genocídio favorecido pelas condições precárias destes milhões de homens, mulheres, jovens e adolescentes. É imprescindível a mobilização de toda a sociedade, já que temos uma responsabilidade iminente como cidadãos por solidariedade a estes seres humanos esquecidos pelos governos. Milhões de famílias desses dependentes sentem a dor devastadora de ver filhos e pessoas queridas jogadas nas ruas, nas calçadas, sob viadutos reféns dos traficantes, escravos das drogas e em altíssimo risco de contaminação pelo novo coronavírus, que causa doença gravíssima, com dificuldade para respirar , ainda sem remédio e em muitos casos necessitando de UTI.

 

Foto: Carlos Torres

EM SÃO PAULO, CRACOLÂNDIA existe há 30 anos na região central da cidade , no espaço que era ocupado pela antiga rodoviária. O uso de uma droga tão intensa e de preço baixo facilitou sua divulgação, transformando sua existência, numa crescente interação de traficantes com usuários. O crack é uma droga que modifica o funcionamento cerebral levando sua vítima a manejar-se com a parte instintiva do sistema nervoso central e prejudicando significativamente a parte mais evoluída do encéfalo, escravizando o adicto numa necessidade de repetir o uso em forma descontrolada, colocando a droga como sua única opção e prioridade. Usei a referência à escravidão, sendo que na origem da palavra adicção, está a palavra latina adictum, que na antiga Roma definia o individuo que ao não pagar uma dívida, transformava-se em escravo de seu credor.

Traficantes arrecadam cerca de R$10 milhões de reais, por mês, por venderem crack e outras drogas , de segunda a domingo, para 1.700 dependentes na cracolândia da Luz, em SP”

Deu-se o casamento perfeito, entre dependentes e fornecedores do objeto da dependência. Atualmente, na região da Luz, em São Paulo, o tráfico arrecada aproximadamente R$ 10.000.000,00 por mês e a frequência, que em 2016 era de 400 usuários diários passou em 2019 a 1700 pessoas diariamente. Mais da metade dos frequentadores é da capital, 15% do interior, 35% de outros estados e 1% estrangeiros. São moradores da cracolândia 75% e 25% retiram-se após a compra. Muitos dos usuários são parte de famílias que abandonaram numa proporção de 80% e o número de mulheres frequentadoras passou de 17% em 2017 para 24% atualmente. A letalidade desta patologia é imensamente superior a qualquer vírus que tenhamos enfrentado nos últimos tempos.

 

Cada adicto afeta pelo menos 10 pessoas de seu entorno, desestrutura famílias e a própria comunidade.”

 

Devemos considerar o dano social que a dependência de droga provoca. Facilmente cada adicto afeta pelo menos a 10 pessoas de seu entorno. Não esqueçamos que seu efeito patogênico desestrutura famílias e a própria comunidade.

Enquanto redigia este artigo, tentava pensar quantas promessas e ações  foram implementadas ao longo destes 30 anos e, sinceramente, não consigo lembrar de nada que não tenha sido usado de forma política, tampando o sol com a peneira.

Equipes multidisciplinares são necessárias para abranger este complexo problema. Apesar da dependência de drogas ter menos divulgação na mídia que o CORONAVÍRUS, é um problema local que afeta a todos nós. A legislação para facilitar os programas de tratamento, o desenvolvimento de atividades terapêuticas eficientes, orçamento para adaptar instituições às necessidades dos pacientes, programas de ressocialização sem características ingênuas e que observem a seriedade da doença, etc., são as estratégias iniciais para abordarmos o problema.”

PSIQUIATRA PABLO ROIG- especialista com experiência de 42 anos no tratamento de dependentes de drogas; Diretor Clínico da Clínica Greenwood;  CRM: 24968

e-mail greenwood@greenwood.com.br

VAMOS TRABALHAR JUNTOS

 

Artigo do psiquiatra Pablo Miguel Roig, CRM 24968**

É difícil definir a situação atual, já que estamos sendo bombardeados com informações relativas à COVID- 19 e muitas delas são contraditórias e algumas de uma incoerência extrema. Vemos figuras de todas as áreas trazendo mensagens absolutas e relativas ao mesmo tempo. Observamos o extremo cuidado em relação a alguns e o descuido total em relação a outros.

.Parece que neste momento a saúde reduz-se ao novo CORONA. Outras patologias de índices de letalidade significativamente maiores parecem esquecidas. Em minha área, já que trabalho na reabilitação de adictos há mais de quarenta anos, temos o exemplo da cracolândia.

Foto:Carlos Torres

Cracolândia, antes da pandemia, já matava 30% dos dependentes no período de alguns anos de uso, além do dano provocado por estes indivíduos pelo aumento da criminalidade na região, a desvalorização desse bairro, o favorecimento de um campo propício para o tráfico sem a intervenção do Estado e outros males que caracterizam esta vergonha social, com a que convivemos passivamente. 

Eduardo Kalina, um estudioso das dependências químicas, que dedicou seus 60 anos como profissional da saúde, na tentativa de recuperar seus pacientes, define a adicção como uma patologia bio-psico-sócio- tóxico-político-econômica, marcando esta polideterminação para a doença. Proponho que tenhamos esta visão ampla para definir toda a psicopatologia e seu impacto no indivíduo e na sociedade. 

Mas não é o que tenho observado. Parece que esta nova experiência mundial tem servido para que alguns tenham se aproveitado da ocasião. A desgraça de alguns pode ser proveitosa para outros. Não esqueçamos as fortunas que se criaram a partir das guerras.

 

Nesta nossa guerra atual, alguns com características francamente psicopáticas tem lucrado com máscaras, álcool gel, gás, aumentos abusivos etc.

Não foram só os ganhos econômicos que entraram em cena. Os ganhos políticos, são tão amorais quanto os financeiros.

É incrível que durante esta tragédia que estamos vivendo, tenham sido feitas pesquisas de opinião para avaliar os presidenciáveis.

É insuportável ver como esta situação dramática é usada para enaltecer egos que já estavam inflados. É triste que nossos dirigentes não possam organizar uma visão ampla para enfrentar um a situação tão complexa como a que nos acomete. Graças a Deus, ainda temos os heróis anônimos, que estão na linha de frente e que são os que nos deixam manter esperança na humanidade.

Algumas soluções propostas, tem sido de uma irresponsabilidade e um desconhecimento da situação, que beiram a ingenuidade.

Quem em sã consciência pode achar que a solução para as comunidades governadas pelo tráfico e as milícias está em negociar com eles? É uma maneira de legalizar sua autoridade, dando o poder de decisão a esta estrutura psicopática que tanto dano provoca a todos nós!

Por outro lado, cogita-se penalizar os que não guardam o isolamento como é esperado com multas e prisão. A quem se refere esta medida? Não precisa ir mais longe, é só ir até a antiga Estação Rodoviária, a Praça da Sé, a AV. Roberto Marinho, que vão ter centenas de candidatos para serem cuidados pelo Estado.

Vamos encarar a crise de forma ampla, contemplando todos os impactos nas diferentes áreas e pensando juntos, sem intervenções ideológicas, sem ambições pessoais e talvez possamos encontrar uma saída mais ampla e menos prejudicial.

PSIQUIATRA PABLO MIGUEL ROIG- especialista com experiência de   42  anos no tratamento de dependentes de drogas; Diretor Clínico da Clínica Greenwood. CRM: 24968
e-mail greenwood@greenwood.com.br

 CORONAVÍRUS E SAÍDAS MÁGICAS

ARTIGO DO PSIQUIATRA PABLO MIGUEL ROIG, CRM  24968

Em tempos de COVID- 19… Parece que tudo que escrevo recentemente está contaminado com este preâmbulo!!!

Isto não é à toa. Toda nossa vida atual está tingida pelo efeito deste vírus. Pessoas com grande atividade vital, tem que encontrar métodos criativos para, pelo menos, não perder o ritmo. Vemos como alguns, com muito humor, vão desenvolvendo atividades simpáticas, hilárias e solidárias. Por outro lado, outros levam o isolamento como um castigo, um sofrimento e muita revolta. Mesmo os que passam muito tempo frente a seu computador trabalhando em home office sofrem por estar no mesmo lugar e com as mesmas pessoas,às vezes, em espaços restritos e saturados. Soma-se a isto o medo do contágio e as constantes notícias trágicas que vêm por meio da mídia ou por informações falsas.

DIVÓRCIOS

O impacto da pandemia não se reduz ao sistema biológico e tem um forte efeito na vida emocional e de relação. Não é à toa que uma avaliação chinesa tenha notado o aumento de divórcios no seu meio, após o abrandamento da quarentena.

 

BEBIDA ALCOÓLICA, OUTRAS  DROGAS, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Existe um risco iminente para o enfrentamento da situação, já que nem todos tem recursos psicológicos para lidar com a frustração, a espera, as perdas, etc.. A ameaça vem por conta da solução químico-tóxica, sendo seu representante mais conhecido e de fácil obtenção, o álcool. Viu-se, a partir da quarentena, um aumento significativo do consumo de bebidas alcoólicas. É evidente que esta circunstância não é inconsequente. O estresse, a ansiedade e a depressão que acompanham o isolamento, são as motivações para procurar a saída imediata e tóxica, de resultados pobres e que se mantem enquanto o individuo está sob o efeito da droga. Além não ser uma real solução para o problema, o álcool diminui a repressão que controla nossos atos e nos faz agir de forma inconsequente, motivando um aumento de violência, verificada pelo acréscimo de crimes domésticos que caracterizam este tempo.

A dificuldade de obter outro tipo de drogas psico-neuro-sócio-tóxicas, leva à procura do álcool como recurso, apesar de vermos a criatividade dos traficantes para abastecer seus clientes com o produto, usando delivery, drones, etc., como forma de distribuição. É mais difícil quantificar o consumo de outras drogas, que não o álcool e o tabaco neste período, mas sabemos que a procura por saídas magico-toxicas são significativamente mais frequentes. 

Não devemos menosprezar o fato de que o alcoolismo é uma doença progressiva e que o aumento de seu consumo neste período, possa aumentar também a chance de estabelecer um padrão de uso perigoso.

 PACIÊNCIA E RESPONSABILIDADE

Mais que nunca, devemos cuidar de nossa integridade bio-psico-social, com responsabilidade, criatividade, paciência, na crença que tudo vai passar.

PSIQUIATRA PABLO MIGUEL ROIG- especialista com experiência de 42 anos no tratamento de dependentes de drogas e Diretor Clínico da Clínica Greenwood. CRM: 24968
e-mail greenwood@greenwood.com.br

“Autorizar produto com canabidiol é o primeiro passo para a liberação da maconha “

Artigo do doutor Pablo Miguel Roig, CRM: 24968**

 

Greenwood faz teste da COVID-19 para novas internações

Clínica Greenwood já realiza testes da COVID-19 para novas internações de dependentes de drogas. As explicações são do Diretor Técnico Substituto da Greenwood, Médico Juan Pablo Albuquerque Roig, CRM: 126345: