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“Dependência de droga é uma doença do cérebro”

O conceito do título é da psiquiatra Nora Volkow, Diretora do National Institute on Drug Abuse , maior instituto de pesquisas sobre drogas no mundo. Ela participou brilhantemente do Congresso da Associação Psiquiátrica Americana , em São Francisco, Califórnia, em maio de 2019. Suas pesquisas são utilizadas em todo o mundo. Em São Paulo seus estudos são referências para o diagnóstico e tratamento de dependências químicas e orientam as atividades terapêuticas da clínica Greenwood, referência para psiquiatras no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal. A Greenwood mantém duas unidades. A da internação ,fica em Itapecerica da Serra, município paulista a 41 quilômetros da capital. O Hospital- Dia fica no Jardim Paulista,na Zona Oeste de São Paulo.

                                                                              Psiquiatra Nora Volkow

O fundador e Diretor Clínico da Greenwood é o psiquiatra Pablo Miguel Roig, que estuda e trata dependência de drogas há 42 anos. Na quarta-feira, 29 de abril, o doutor Pablo Miguel Roig, CRM 24968, participou da live “CRACOLÂNDIA: DEPENDÊNCIA QUÍMICA EM TEMPOS DE COVID-19”, promovida pela Liga Acadêmica de Psicanálise e Psicopatologia, com a participação do psicólogo Wemerson Peixoto de Melo Moura. A coordenação foi de Mateus Ferreira de Lima.

AS IMPORTANTES EXPLICAÇÕES DO DOUTOR PABLO MIGUEL ROIG SERÃO REAPRESENTADAS NESTE BLOG EM TRÊS CAPÍTULOS. NO PRIMEIRO, ELE DESCREVE COMO A DROGA DESESTRUTURA O CÉREBRO E SE TORNA A ÚNICA PRIORIDADE:

AMANHÃ, O DOUTOR PABLO MIGUEL ROIG denuncia: “ cracolândia é uma vergonha nacional e tem sido usada por todos os candidatos como campanha política”.

 CORONAVÍRUS E SAÍDAS MÁGICAS

ARTIGO DO PSIQUIATRA PABLO MIGUEL ROIG, CRM  24968

Em tempos de COVID- 19… Parece que tudo que escrevo recentemente está contaminado com este preâmbulo!!!

Isto não é à toa. Toda nossa vida atual está tingida pelo efeito deste vírus. Pessoas com grande atividade vital, tem que encontrar métodos criativos para, pelo menos, não perder o ritmo. Vemos como alguns, com muito humor, vão desenvolvendo atividades simpáticas, hilárias e solidárias. Por outro lado, outros levam o isolamento como um castigo, um sofrimento e muita revolta. Mesmo os que passam muito tempo frente a seu computador trabalhando em home office sofrem por estar no mesmo lugar e com as mesmas pessoas,às vezes, em espaços restritos e saturados. Soma-se a isto o medo do contágio e as constantes notícias trágicas que vêm por meio da mídia ou por informações falsas.

DIVÓRCIOS

O impacto da pandemia não se reduz ao sistema biológico e tem um forte efeito na vida emocional e de relação. Não é à toa que uma avaliação chinesa tenha notado o aumento de divórcios no seu meio, após o abrandamento da quarentena.

 

BEBIDA ALCOÓLICA, OUTRAS  DROGAS, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Existe um risco iminente para o enfrentamento da situação, já que nem todos tem recursos psicológicos para lidar com a frustração, a espera, as perdas, etc.. A ameaça vem por conta da solução químico-tóxica, sendo seu representante mais conhecido e de fácil obtenção, o álcool. Viu-se, a partir da quarentena, um aumento significativo do consumo de bebidas alcoólicas. É evidente que esta circunstância não é inconsequente. O estresse, a ansiedade e a depressão que acompanham o isolamento, são as motivações para procurar a saída imediata e tóxica, de resultados pobres e que se mantem enquanto o individuo está sob o efeito da droga. Além não ser uma real solução para o problema, o álcool diminui a repressão que controla nossos atos e nos faz agir de forma inconsequente, motivando um aumento de violência, verificada pelo acréscimo de crimes domésticos que caracterizam este tempo.

A dificuldade de obter outro tipo de drogas psico-neuro-sócio-tóxicas, leva à procura do álcool como recurso, apesar de vermos a criatividade dos traficantes para abastecer seus clientes com o produto, usando delivery, drones, etc., como forma de distribuição. É mais difícil quantificar o consumo de outras drogas, que não o álcool e o tabaco neste período, mas sabemos que a procura por saídas magico-toxicas são significativamente mais frequentes. 

Não devemos menosprezar o fato de que o alcoolismo é uma doença progressiva e que o aumento de seu consumo neste período, possa aumentar também a chance de estabelecer um padrão de uso perigoso.

 PACIÊNCIA E RESPONSABILIDADE

Mais que nunca, devemos cuidar de nossa integridade bio-psico-social, com responsabilidade, criatividade, paciência, na crença que tudo vai passar.

PSIQUIATRA PABLO MIGUEL ROIG- especialista com experiência de 42 anos no tratamento de dependentes de drogas e Diretor Clínico da Clínica Greenwood. CRM: 24968
e-mail greenwood@greenwood.com.br

O submundo das drogas VEJA

Em matéria publicada na Revista Veja por André Mattos, um dos especialistas da Clínica Greenwood, psiquiatra Pablo Roig fala sobre os números alarmantes sobre drogas como a constatação que o uso de crack aumentou em 60%. Abaixo a reportagem na íntegra. Leia mais

Especialistas: combate ao crack só decola com capacitação de profissionais

Depois de a presidente Dilma Rousseff lançar o Programa Nacional de Combate ao Crack, no fim do ano passado, um acordo entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e os ministérios da Justiça e da Saúde deve ser assinado nos próximos dias, fixando as medidas a serem adotadas no estado nos próximos meses. A tentativa é de conter o avanço da droga – considerada uma das mais nocivas atualmente e que seduz cada vez mais adultos e, principalmente, adolescentes e crianças. Para especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil, a maior dificuldade enfrentada para recuperar os usuários deste narcótico no Rio de Janeiro tem sido a falta de profissionais especializados e a ausência de atendimento médico adequado.

Em 2011, as ações da Secretaria Municipal de Assistência Social retiraram 3.195 usuários de crack das ruas. Destes, 475 são crianças ou adolescentes. As vagas para internação compulsória, no entanto, não passam de 194, em quatro Centros Especializados de Atendimento à Dependência Química (CEADQs).

A ausência de leitos parece não ser novidade para o governo federal, já que o ousado programa, intitulado “Crack: É Possível Vencer”, prevê a internação hospitalar dos dependentes, a criação de leitos em hospitais públicos para atendimento dos usuários e até a implantação de consultórios nas ruas das cidades brasileiras.

Para a diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Atenção ao uso de Drogas (Nepad), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Ivone Ponczek, o governo federal deve fixar as ações do plano ciente de que a abordagem e o tratamento são questões médicas e não apenas de segurança pública.

“Na cidade do Rio de Janeiro o acolhimento de dependentes químicos mais parece perseguição aos camelôs. A questão é médica. Não basta correr atrás das crianças e interná-las. É preciso tratá-las e há uma carência no tratamento, pois faltam profissionais que saibam tratar dependentes de crack não apenas no Rio, mas no país inteiro”, sentenciou a psicanalista.

Com relação ao modelo de internação compulsória, adotado pelo prefeito Eduardo Paes há menos de um ano, Ivone Ponczek também aponta deficiências. “A internação compulsória deve ser menos policialesca. É preciso um atendimento à população refém desta droga. Jogar os dependentes em abrigos não adianta nada, porque não recupera-se ninguém”.

Para o médico e vereador do Rio, Paulo Pinheiro (PSol), há um alarde em torno do plano de enfrentamento do crack.

“Os governos fazem muito carnaval com relação às políticas públicas. No Rio, não faltam recursos. A Prefeitura gastou mais de R$ 100 milhões em propaganda. Não basta retirar estas crianças da rua. É preciso capacitar e contratar profissionais da área médica, como psicólogos e psiquiatras, para que o tratamento seja feito adequadamente. Se isto não for feito, não vai haver combate nenhum ao crack e a esta medida da Dilma Rousseff vai ser muito ousada no papel e inexistente na prática”, destacou o parlamentar.

Centro, Jacarezinho e Manguinhos são foco do governo federal

Para traçar as principais necessidades para a execução do plano nas 27 unidades federativas do país, uma comitiva de técnicos do Ministério da Saúde estão percorrendo os estados brasileiros. As visitas começaram em fevereiro e vão até abril.

No estado do Rio de Janeiro, um relatório que deve ficar pronto na próxima semana, vai apontar os principais problemas para o enfrentamento do crack em território fluminense. Já no caso do município do Rio, três áreas já foram destacadas como de “urgência”: as favelas vizinhas Manguinhos e Jacarezinho e o bairro do Centro.

A instalação de leitos para atender os dependentes destas áreas, no entanto, surpreende. Apenas 20 leitos serão lançados para atender os usuários do Centro. Nas outras duas regiões ainda não há uma estimativa de leitos necessários.

“Aos poucos vamos criar os leitos necessários para atender os dependentes”, defendeu-se o coordenador do Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde Roberto Tykanori.

Polêmica, ação na Cracolândia completa 2 semanas

A ação da Polícia Militar apreendeu, até o momento, pouco mais de dois quilos de crack


O tráfico de drogas vai se afastar da Cracolândia para evitar prisões, por isso, o serviço de inteligência do DENARC é fundamental neste momento. A operação da Polícia Militar, que completa hoje duas semanas, apreendeu pouco mais de dois quilos de crack.

Já o Departamento de Narcóticos localizou, em apenas uma ação, dezesseis mil pedras da droga, que somam mais de sete quilos. Para a cúpula da segurança pública, pequenas apreensões na Cracolândia são normais e a dificuldade de Publicidadeencontrar grandes quantidades tende a aumentar.

A presença ostensiva da Polícia Militar fez com que usuários e traficantes se espalhassem e fracionassem as pedras para diminuir o tamanho. Em entrevista a Thiago Samora, o diretor do DENARC, Wagner Giudice, disse que a polícia agora vai agir para encontrar os laboratórios do crack. “Dentro da Cracolândia é muito difícil você fazer uma apreensão de mais de meio quilo. Quando chega lá, é muito espalhado”.

De acordo com a PM, o tráfico de drogas não acabou na Cracolândia, mas o local está pronto para o trabalho dos agentes de saúde. O comandante da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, explicou que não haverá ação integrada para poder aumentar as chances de adesão ao tratamento.

O secretário de Saúde, Giovanni Guido Cerri, garante que o governo do Estado está aumentando o número de leitos para internação dos dependentes químicos. Cerri lembrou que o crack é um problema sério e enfatiza que o álcool é a porta de entrada para as drogas. “O grande problema de saúde pública é o álcool, que é a porta de entrada para as drogas”.

O governador de São Paulo elogiou o trabalho dos assistentes sociais que convenceram centenas de usuários a optar pela internação sem obrigatoriedade. Segundo Alckmin, o trabalho é longo e a polícia vai continuar na região da Cracolândia por tempo indeterminado.

O governador destaca que a reunião da última semana colocou o Ministério Público por dentro das ações da polícia no Centro. De acordo com Geraldo Alckmin, agora as instituições devem agir de maneira mais integrada.

Anvisa proíbe mefedrona; substância é similar ao ecstasy

A Anvisa acaba de proibir no Brasil a mefedrona, um estimulante sintético que é usado na criação do que popularmente ficou conhecido como “drogas disfarçadas”.

Com algum conhecimento de química e os ingredientes certos, é possível criar drogas artificiais com os mesmos efeitos da maconha, da cocaína e de outros entorpecentes ilícitos. E com um diferencial: muitos deles podem ser vendidos legalmente aproveitando brechas na legislação.

Droga artificial simula efeito de cocaína e é vendida ‘disfarçada’

Essas drogas vêm disfarçadas como inofensivos incensos (maconha artificial), sais de banho (cocaína ou ecstasy) e até desinfetantes.

“Muito se fala dos efeitos alucinógenos dessas drogas, mas isso é o de menos. Elas têm consequências muito piores, podendo provocar até um ataque cardíaco fulminante”, afirma Rafael Lanaro, do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital de Clínicas da Unicamp.

Editoria de arte/folhapress

 

MAIS RISCOS

Algumas podem ser ainda mais devastadoras do que as drogas “tradicionais”. Entre os efeitos da mefedrona estão palpitação, insônia, ansiedade, paranoia e danos ao sistema nervoso central.

Embora a maioria traga no rótulo a advertência de que o consumo é inadequado para humanos, basta uma visita aos sites das principais marcas para ver que se trata apenas de mais um disfarce.

“Para um químico orgânico, por exemplo, é muito fácil fazer essas combinações em laboratório”, diz Lanaro. “A mefedrona usa como base a efedrina, um medicamento comum. A partir da efedrina é possível fazer várias reações. É como um brinquedinho. O sujeito vai colocando uma cadeia de carbono aqui, um átomo de flúor ali… E vão sendo criados entorpecentes novos.”

Além disso, a substância também está presente em alguns fertilizantes, o que facilita ainda mais o acesso a ela.

Conhecida como cocaína ou ecstasy artificial, a mefedrona costuma ser vendida –especialmente pela internet, mas também em algumas lojas– rotulada como sais de banho. A “marca” mais conhecida é a Meow Meow.

No Brasil, é possível comprar o produto pela internet, traduzido como Miau Miau.

RECEPTORES

As drogas agem no cérebro com um efeito de chave e fechadura. Cada substância funciona como uma chave, que, ao se ligar a um receptor, “abre” a fechadura e provoca determinados efeitos.

O que muitas drogas artificiais fazem é criar outras chaves para abrir as fechaduras que causam os efeitos das drogas comuns.

É esse o caso dos canabinoides sintéticos, que se ligam aos mesmos receptores ativados pelo THC (princípio ativo da maconha).

O mais comum é o JWH-018, já banido em vários Estados dos EUA, em países da Europa e, recentemente, no Brasil. Estudos indicaram que eles podem ter afinidade até cinco vezes maior com os receptores do que o THC.

fonte: folha.com

Droga artificial simula efeito de maconha e é vendida ‘disfarçada’

A maconha artificial mais popular nos EUA, vendida como incenso, a K2 é alvo de resenhas em sites especializados, que também publicam vídeos ensinando a usá-la.

O fabricante, no entanto, já enfrenta problemas típicos do sucesso de qualquer produto: as falsificações.

Os inventores da K2 –uma alusão à montanha no Himalaia– até criaram um “selo de originalidade” para os pontos de venda, conforme seu próprio site indica, mas ainda há muitas cópias “piratas” por aí.

“Os usuários muitas vezes não fazem ideia do que estão usando. Eles se baseiam nos efeitos que os traficantes dizem que aquela droga vai ter”, diz Rafael Lanaro, do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital de Clínicas da Unicamp.

“O assunto está ganhando cada vez mais espaço nos congressos de toxicologia, mas ainda há pouca literatura sobre os efeitos, sobretudo os de longo prazo, dessas drogas”, conclui.

SEM CONTROLE

O uso das drogas artificiais vem crescendo. Um estudo britânico divulgado na semana passada diz que a mefedrona (usada para fazer similares de cocaína e ecstasy) já é tão popular quanto a cocaína no Reino Unido. Mesmo assim, a maioria dos países ainda engatinha em seu controle.

Boa parte da Europa e os Estados Unidos estão se esforçando na proibição dessas substâncias, mas basta uma pequena engenharia química para que as drogas retornem à “legalidade”.

“É muito fácil fazer uma pequena alteração química que muda sua nomenclatura”, diz Lanaro.

Nos Estados Unidos, a maior frente de batalha é contra os canabinoides sintéticos. Trinta e oito dos 50 estados americanos baniram ou aguardam legislação para banir a venda dessas substâncias em seu território.

Por meio de sua assessoria, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que, no Brasil, a análise e o subsequente banimento de substâncias vem da demanda de policiais e da própria população. No caso da recém-proscrita mefedrona, o apelo veio da Polícia Federal.

Apesar da proibição, coibir a venda e o uso dessas substâncias deve ser complicado. “Elas são mais difíceis de apreender porque os policiais não estão familiarizados com elas, a apresentação pode ser aparentemente inofensiva”, avalia Lanaro.

Testes comuns de detecção de drogas não costumam identificá-las. A maioria passa desapercebida pelos cães farejadores.

Drogas: internação compulsória e educação

Folha de São Paulo
A internação involuntária do dependente, uma importante ferramenta, é autorizada por lei; na rua, jamais se libertará da escravidão do seu vício.

A violência assusta a todos nós.

O sono interrompido por meliantes invadindo nosso lar. O semáforo que tarda a sinalizar a luz verde, submetendo-nos a intermináveis momentos de tensão ao nosso redor. Os filhos que saem de casa para se expor aos perigos urbanos, gerando em nós a angústia da espera.

Pior que a própria insegurança, só mesmo sua inquietante sensação. Dados recentes do IBGE apontam que 35,7% dos lares brasileiros possuem grade em suas portas ou janelas. Quem tem condições se protege como pode.
O rentável mercado da segurança privada floresce, alimentando a indústria do medo. Blindagem de automóveis, condomínios fechados, vigilância particular em ruas e residências e mundos interiores fechados esvaziam espaços públicos e ceifam a convivência social, sombreados pelo fantasma da criminalidade. Na gênese disso tudo está a disseminação ilícita das drogas.

Triunfantes em sua batalha na mente do jovem, os entorpecentes têm dragado vidas ainda incipientes ao abismo da dependência sem volta. Antecedidas, em regra, por um histórico de desprezo, maus-tratos, abandono, abuso sexual, comportamento omisso ou inadequado dos pais ou responsáveis, ou mesmo pela falta de perspectiva de projetos positivos, crianças e adolescentes perambulam pelas cracolândias da vida em busca de drogas baratas e mortais.

Há uma dupla vitimização: do viciado, impelido pelo incontrolável desejo de consumo, que acaba por se tornar um delinquente, e dos inocentes, que por uma infelicidade cruzam seu caminho durante a ação criminosa.

Nessa perspectiva, o uso indevido de drogas deve ser reconhecido como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade (lei nº 11.343/2006, art. 19, inciso I).

A internação involuntária do dependente que perdeu sua capacidade de autodeterminação está autorizada pelo art. 6º, inciso II, da lei nº 10.216/2001 como meio de afastá-lo do ambiente nocivo e deletério em que convive.Tal internação é importante instrumento para sua reabilitação. Na rua, jamais se libertará da escravidão do vício. As alterações nos elementos cognitivo e volitivo retiram o livre-arbítrio. O dependente necessita de socorro, não de uma consulta à sua opinião.

A internação compulsória por ordem judicial pressupõe uma ação efetiva e decidida do Estado no sentido de aumentar as vagas em clínicas públicas criadas para esse fim, sob pena de o comando legal inserto na lei nº 10.216/2001 tornar-se letra morta.

Espera-se que o poder público não se porte como um mero espectador, sob o cômodo argumento do respeito ao direito de ir e vir dos dependentes químicos, mas, antes, faça prevalecer seu direito à vida.

FERNANDO CAPEZ, mestre pela USP e doutor pela PUC-SP, procurador de Justiça licenciado, é deputado estadual de São Paulo pelo PSDB. Site: www.fernandocapez.com.br.

Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

ONU: aumenta consumo de drogas sintéticas no mundo

Jornal do Brasil

Enquanto os mercados globais de cocaína, heroína e maconha diminuíram ou se mantiveram estáveis, a produção e o abuso de opióides de prescrição e de novas drogas sintéticas aumentaram, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2011 divulgado nesta quinta-feira. O cultivo ilícito de papoula e de arbustos de coca se manteve limitado a poucos países. Entretanto, mesmo com uma diminuição marcante na produção de ópio e uma modesta redução no cultivo de coca, ao todo, a produção de heroína e de cocaína ainda é significativa.

O relatório mais importante das Nações Unidas sobre Drogas foi apresentado hoje, na sede das Nações Unidas, pelo secretário-geral Ban Ki-moon; Yury Fedotov, diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC); Joseph Deiss, presidente da Assembleia Geral; Gil Kerlikowske, diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca nos Estados Unidos; e Viktor Ivanov, Diretor do Serviço Federal para o Controle de Drogas da Rússia.

Globalmente, cerca de 210 milhões de pessoas, ou 4.8% da população entre 15-64 anos de idade, consumiu alguma substância ilícita pelo menos uma vez em anos anteriores. Ao todo, o uso de drogas, incluindo o uso problemático de drogas, (0.6% da população entre 15 e 64 anos de idade) ficou estável. No entanto, houve um aumento da demanda por substâncias fora do sistema de controle internacional, como as piperazinas e a catinona. Os efeitos da cannabistambém estão sendo imitados pela cannabis sintética, ou ” spice“.

Menos ópio no Afeganistão, leve aumento em Mianmar

O cultivo global de papoula alcançou cerca de 195,700 hectares (ha) em 2010, um pequeno aumento em relação a 2009. A produção do ópio, no entanto, diminuiu em 38%, para 4.860 toneladas, devido a uma praga que acabou com grande parte do cultivo de ópio no Afeganistão. Mesmo assim, houve produção de ópio no Afeganistão (3.600 toneladas ou 74% do total global). Enquanto o cultivo de ópio se manteve estável no Afeganistão, a tendência global demonstrou um aumento em Mianmar, onde o cultivo da papoula subiu cerca de 20% desde 2009.

Consequentemente, a produção de ópio em Mianmar aumentou de 5% da produção global em 2007, para 12% em 2010. A produção global de ópio diminuiu 45% entre 2007 e 2010, particularmente como resultado das baixas colheitas, em 2010, mas esta tendência não deve continuar. “Apesar da área cultivada de papoula ter se mantido estável este ano, nossos estudos preliminares indicam que a produção de ópio no Afeganistão deve voltar a registrar níveis elevados  em 2011”, alertou Fedotov.

Redução do cultivo mundial de coca devido à redução na Colômbia; redução do mercado de cocaína nos Estados Unidos

Em 2010, a superficie total do cultivo de coca apresentou uma redução para 149.000 hectares, queda de 18% em relação a 2007. Nesse período, a produção potecial da cocaína apresentou uma redução de cerca de um sexto, reflexo da considerável redução da produção de cocaína na Colômbia. Consequentemente, os pequenos aumentos registrados no Peru e no Estado Plurinacional da Bolívia não afetaram essa diminuição.

O mercado de cocaína dos Estados Unidos tem apresentado diminuição considerável nos últimos anos. Mesmo assim, os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado de cocaína, cujo consumo em 2009 era estimado em 157 toneladas, equivalente a 36% do consumo mundial. O segundo mercado mundial de cocaína é a Europa, principalmente, a Europa ocidental e central, onde o consumo é estimado em 123 toneladas.

Durante a última década, o consumo de cocaína na Europa duplicou (a pesar d que nos últimos anos em grande parte tem se mantido estável). Calcula-se que em 2009, cerca de 21 toneladas de cocaína tenham sido traficadas para a Europa, por meio da África Ocidental. Esse número representa uma diminuição em relação a dois anos atrás, quando provavelmente o total alcançou 47 toneladas.

Por outro lado, os preços de mercado da cocaína tem baixado de forma perceptível desde meados dos anos 90s. Há apenas uma década, o mercado norte-americano de cocaína era quatro vezes maior do que o da Europa. Atualmente, o valor estimado do mercado europeu de cocaína (36 milhões de dólares) se aproxima do mercado dos Estados Unidos (37 milhões de dólares).

Cannabis – a droga predileta no mundo

A cannabis continua sendo, com tendência de aumento, a substância mais produzida e consumida em todo o mundo, a pesar de que ha dados limitados a respeito. Em 2009, entre 2,8% e 4,5% da população mundial, entre 15 e 64 anos de idade (ou seja, entre 125 e 203 milhões de pessoas) tinham consumido cannabis pelo menos uma vez no ano anterior.

A produção de maconha está muito difundida, principalmente na América e na África, enquanto que a produção da resina de cannabis (haxixe) continua se concentrando únicamente em dois países: Marrocos, que abastece os mercados da Europa ocidental e África setentrional, e Afeganistão, que abastece os mercados da Ásia sul oriental. Em 2010, a resina de cannabis foi muito mais rentável do que o cultivo de papoula no Afeganistão.

Drogas sintéticas: Ásia sul-oriental e África recebem pouca atenção

O aumento vertiginoso da produção, do tráfico e do consumo de estimulantes do tipo anfetamínico, junto com o ressurgimento do cultivo de papoula e o tráfico de heroína, são motivos de grande preocupação na Ásia sul-oriental. “A moda das drogas sintéticas de deseño, que imitam as substâncias ilegais neutraliza os avanços nos mercados tradicionais das drogas”, disse o Diretor Executivo.

“No triângulo do Our já não se lida somente com o ópio; é um negócio que atende aos desejos dos consumidores. A comunidade internacional parece ter abixado a guarda em matéria de fiscalização de drogas na Ásia suloriental”, afirmou. “devemos atuar com determinação em todas as frentes antes de a região voltar a se tornar num centro importante de produção e tráfico de drogas”.

Muitas substâncias não regulamentadas são comercializadas como “drogas legais” e substitutos de estimulantes ilícitos, como a cocaína ou o ecstasy. A anfetamina, substância sumamente aditiva, vem se propagando em toda a Ásia oriental e na América do Norte o seu consumo voltou a aumentar em 2009, depois de vários anos de diminuição. De fato, 2009 foi o ano no qual foram apreendidas mais drogas sintéticas, principalmente devido às interceptações de metanfetamina – que aumentaram em mais de um terço entre 2008 (11,6 toneladas) e 2009 (15,8 toneladas) – registradas principalmente em Mianmar. Apesar de que este país é uma das principais fontes de comprimidos de metanfetamina na Ásia sul oriental, a África também é uma nova fonte para a metanfetamina destinada à Ásia oriental.

Justiça determina internação de viciada em crack

A Justiça do Rio determinou, nesta sexta-feira, a primeira internação compulsório de um adulto viciado em drogas. A paciente é uma jovem de 22 anos, grávida, que foi recolhida pela Secretaria Municipal de Assistência Social, na última quarta-feira, durante operação na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio.

Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, a internação só foi possível graças a um pedido da família da jovem, preocupada com seu estado de saúde.

“Essa jovem estava colocando em sério risco o feto. A juíza Ivone Caetano (da da Vara da Infância, Juventude e do Idoso da Capital) atendeu de imediato o pedido. Neste momento, ela está sendo avaliada em um dos Centros de Atenção Psicossocial da prefeitura do Rio. Após os exames ela poder seguir para uma de nossas unidades de acolhimento onde ter condições dignas para ter seu filho e recuperar a cidadania”, afirmou o secretário.

Na manhã desta sexta-feira, agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) realizou mais uma ação para recolher usuários de crack. A 12ª operação foi deflagrada na Favela Parque União, em Bonsucesso, comunidade que integra o Complexo da Maré.

Os 30 agentes da Prefeitura também recolheram usuários de drogas na Ilha do Governador. No total, 44 pessoas foram retiradas das ruas. A operação teve o apoio de 11 policiais civis da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), além de 20 policiais militares do Batalhão de Policiamento Rodoviários (BPRv).

A ação da SMAS se concentrou em pontos estratégicos da comunidade. Vinte usuários – 31 adultos e três crianças – foram recolhidos em um viaduto usado como cracolândia. No local, que também serve de moradia, os agentes apreenderam estiletes, chaves de fenda, tesouras e facas. Materiais usados no consumo de crack, remédios e até uísque foram encontrados.

Em um viaduto que dá acesso à Ilha do Governador e ao Aeroporto Tom Jobim, outras dez pessoas foram localizadas. Os maiores de idade foram levados para a delegacia da região e o menor para a DPCA. Após uma triagem, os usuários serão encaminhados para abrigos.